segunda-feira, 2 de maio de 2011

João Paulo II, O Papa Inovador

Karol Wojtyla tornou-se João Paulo II no dia 16 de outubro de 1978. Em 2005, ano de sua morte, completaria 27 anos de pontificado. Ele assumiu como líder supremo da Igreja Católica em substituição a João Paulo I, que morreu apenas 34 dias após ser eleito.
Primeiro papa eslavo da História, João Paulo II tinha um caráter determinado e tenaz, que influenciou profundamente seu papado e garantiu a ampla ligação da Igreja aos acontecimentos mundiais da atualidade. Conhecido pelo conservadorismo em relação aos dogmas da Igreja, o Papa adotou posturas progressistas nas questões sociais, como a veemente campanha pela paz, pelos direitos humanos e a aproximação de culturas e religiões.
Primeiro papa não italiano em 455 anos, em seu primeiro pronunciamento, para a multidão que lotava a Praça de São Pedro, ganhou a simpatia de todos. "Se eu errar meu italiano, corrijam-me, por favor", pediu. O Santo Padre continuou surpreendendo, quando no dia 25 de janeiro de 1979, desceu as escadas do jumbo da Alitália, curvou-se, beijou o solo da República Dominicana, e disse: "Viajarei por onde me chamarem as exigências da fé e dos valores humanos". A promessa foi cumprida. Nenhum outro papa beijou tantos solos: foram mais de cem viagens oficiais ao exterior. João Paulo II foi, também, o pontífice que proclamou mais santos e beatos.
Por seu carisma e estilo às vezes moderno, às vezes conservador, João Paulo II entra para a história pelas viagens apostólicas feitas pelo mundo e por ter reorganizado a Igreja Católica depois da crise que explodiu nos anos 60, quando começaram a ser aplicadas as reformas aprovadas pelo Concílio Vaticano II, consideradas muito radicais por alguns. Escreveu 14 encíclicas, três delas sobre temas socio-econômicos, nas quais defendeu a causa dos pobres.
Seu longo pontificado foi dedicado a pregar a paz e o entendimento internacional, a defesa dos direitos humanos e a solidariedade entre o Norte e o Sul. A reconciliação com os judeus, a proteção da vida humana desde antes do nascimento e a reafirmação dos princípios tradicionais da Igreja Católica no campo da moral sexual estão entre os principais temas dos discursos e ensaios de João Paulo II.
Conservador em relação aos dogmas da Igreja, defendendo a abstinência sexual como forma de se proteger de doença sexualmente transmissível e de gravidez indesejável, além de não aprovar o casamento entre homossexuais e ser, veementemente, contrário ao aborto, João Paulo II foi, de certa maneira, um liberal em temas que envolviam a política. Foi contra a invasão do Iraque - sem consentimento da ONU - pelo governo de George W. Bush e estabeleceu relações oficiais entre a Santa Sé e a Organização para a Libertação para a Palestina (OLP).
Figura importante na queda do comunismo, o Papa realizou sua primeira visita oficial à Polônia em 2 de junho de 1980, dois anos após ser eleito papa. No dia 7 de junho, o Papa rezou no campo de concentração nazista de Auschwitz (sul da Polônia). Mais de uma década depois, em 1993, ele foi pela primeira vez à ex-União Soviética, visitando Lituânia, Letônia e Estônia. Em março de 2000, em uma cerimônia de autopurificação sem precedentes na história do catolicismo, João Paulo II pediu perdão a Deus pelos pecados cometidos no passado pelos católicos contra os judeus. Em junho de 2003, ele repetiu o ato, pedindo perdão pelos crimes cometidos por membros da comunidade católica na Croácia e Bósnia, durante a guerra entre 1992 e 1995.
Em 16 de outubro de 2003, João Paulo II celebrou bodas de prata como chefe supremo da Igreja Católica. Os 25 anos de papado foram comemorados com uma missa solene para mais de 50 mil pessoas na Praça de São Pedro. Na ocasião, o Papa pediu aos fiéis que rezassem para que ele conseguisse seguir com sua missão:
"Eu lhes rogo, queridos irmãos e irmãs, que não interrompam esta obra de amor pelo sucessor de São Pedro. Eu lhes peço mais uma vez: ajudem o Papa e a todos os que querem servir ao homem e a humanidade inteira", afirmou o Papa em sua homilia.
Já bastante debilitado, ele pronunciou apenas o início do seu discurso, que depois foi completado pelo monsenhor Leonardo Sandri. A cerimônia contou com as presenças do presidente polonês Aleksander Kwasniewski e do ex-presidente Lech Walesa, líder na década de 80 do sindicato clandestino "Solidarnosc" (Solidariedade), ligado ao Papa, além do presidente da República Italiana, Carlo Azeglio Ciampi, e das delegações de 18 países
Durante seu papado, João Paulo II visitou os brasileiros em quatro ocasiões: junho de 1980, maio-junho de 1982, outubro de 1991 e outubro de 1997.

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